Sem cair do salto

Sem cair do salto

As mulheres sempre foram parte importante de minha vida. E sou grato por isso.

Trabalhei, ainda garoto, com sapatos: minha mãe pespontava, eu dava acabamento. Cursei Belas Artes na FAAP: meia dúzia de adolescentes cercados de garotas. Casei, e a cada temporada nascia uma menina: paramos na terceira! Por longos anos fui diretor de arte em revistas: dirigidas sempre por mulheres.

Aprendi alguma coisa sobre moda, beleza, decoração e comportamento. Pensando bem, é melhor deixar esse ultimo tema de fora. Milhares de páginas depois, eu não consegui aprender (e entender) muita coisa sobre o comportamento feminino. E acho difícil que venha a aprender um dia.

Mas não importa! É isso que as transforma em nossas musas inspiradoras.

A Princesa Diana, por exemplo, serviu de inspiração, nos anos 1990, para o primeiro sapato da Grife criada por Christian Louboutin. De lá, para pintar com esmalte a parte de baixo de um de seus modelos, foi um pulo. E foi um sucesso! A ideia virou marca registrada da empresa e Louboutin, o Rei do Solado Vermelho.

Por usar objetos fora do contexto original, de certo modo também me considero Rei. Rei do kitsch. Minha inspiração vem das ruas. Se viro a esquina e dou de cara com uma prateleira cheia de saltos na vitrine de uma sapataria, já os transformo em cabides para bolsas. E tenho certeza, vão agradar às mulheres. Sempre elas!

Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa