O traço dos mangás, histórias em quadrinhos criadas no Japão, tem características muito definidas. São matizes que vão do preto ao branco, passando por vários tons de cinza e um traço seco e bem marcado.
Um casal amigo nosso, editores desse tipo de publicação, voltou de uma temporada de trabalho no Japão, trazendo na bagagem um lote de mangás e uma filhinha linda.
A pequena de olhinhos orientais é a cara do pai, legítimo nipo-descendente. Parece que a pequena está fielmente representada nas histórias dos mangás.
Numa noite de vinho e pizza, minha mulher e ela brincavam no quarto e a diversão era esvaziar um baú de coisas e loisas só para depois enchê-lo novamente.
Daí nasceu a inspiração do baú que minha filha comprou para usar próximo ao banheiro e abrigar toalhas ou roupas usadas, ela não sabia ainda. Mas eu sabia bem o que fazer para deixar o baú de couro sintético preto e sem graça com uma pegada mais descolada. E, ao mesmo tempo lembrar, ao passar pelo corredor, da princesinha oriental.
O começo
Comecei desmontando os gibis e escolhendo as páginas que achava mais interessantes.
Distribui sobre uma das faces do cubo para saber quantas páginas eu precisava.
Em seguida coloquei água numa bacia e mergulhei as páginas para umedecê-las.
Apliquei cola branca numa das faces do cubo e fui retirando as páginas da água. Fui secando-as de leve com um pano e aplicando no cubo com a cola ainda úmida.
Terminadas as quatro faces do cubo, esperei que a cola secasse e apliquei uma camada de cola branca sobre todo o trabalho para impermeabiliza-lo. Depois de seca a cola fica transparente, não se preocupe.
Pronto! O baú recebeu um golpe digno de um samurai.
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa