Arte é coisa mental

Arte e azulejos

Athos Bulcão gostava dessa citação de Leonardo da Vinci.

Assim como o mestre renascentista e suas perspectivas rigorosas, Athos misturou física, matemática e arte em suas composições que, apesar de parecerem aleatórias, tem na verdade um projeto tão preciso quanto os de Leonardo.
Ele não acreditava muito em inspiração. Acreditava em talento. O negócio dele era trabalho.

E o trabalho de Athos Bulcão (www.fundathos.org.br) sempre foi dedicado ao público em geral. Estava mais interessado naquele que pode ver sua obra enquanto atravessa a cidade, do que naquele que frequenta museus e galerias.

Ponto para ele, que fez da arquitetura de Brasília uma exposição permanente de sua arte.
Ponto para aqueles que expressaram esse conceito do artista em sandálias de borracha.

No aeroporto

Enquanto eu esperava para voar a São Paulo, no Aeroporto de Brasília, fiquei observando durante quase uma hora o talento de Athos na distribuição geométrica dos azulejos azuis e verdes que compõem com o fundo branco uma renda maravilhosa.

No caminho entre o aeroporto de Congonhas e minha casa, passo por um Cemitério de azulejos. Ainda sob o impacto das cores e formas do painel de Athos, desci do taxi e entrei na loja. Comecei a percorrer os corredores e separar peças que tinham aquela pegada.

Fiz minha pequena homenagem, inspirado no artista que não acreditava em inspiração.
Meu painel vai virar um tampo de mesa no jardim de casa.
Talento como o dele não é para qualquer um.

Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa