“Desenhar é como escrever. Desenho para explicar as coisas a mim mesmo”.
Fiquei parado lendo, relendo e pensando sobre a frase acima, escrita ao lado da porta de entrada da exposição Saul Steinberg: As aventuras da linha na Pinacoteca do Estado. Esse arquiteto, ilustrador – colaborou com a revista New Yorker durante seis décadas – e gênio da linha do século XX, disse também que se os escritores soubessem desenhar, não haveria literatura.
A provocação do artista romeno-americano, acostumado a contar histórias completas com seu traço econômico, me fez pensar sobre as escolhas que fazemos para dar vazão a nossos talentos. Principalmente nestes tempos onde percorremos diversas plataformas em busca da melhor maneira de nos expressarmos.
Como arquiteto e designer, lanço mão de tudo que posso para contar um projeto.
Palavras, fotos, vídeos e dados técnicos traduzem o conceito ao cliente.
Mas são os desenhos a lápis sobre papel que mais fazem sucesso, sempre!
E a frase de Steinberg na entrada do museu me pegou por isso.
Fiquei revendo meu processo de trabalho e percebi que a emoção que sinto durante a criação tem a ver com o gestual de minha mão, que comanda o grafite, que comanda minhas idéias. Enquanto o esboço toma corpo no papel vou explicando as coisas a mim mesmo.
Ou será justamente o contrário?
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa