Estamos em setembro e não há como fugir.
As lembranças do que fazíamos na hora do atentado ao WTC em Nova York, voltam.
Eu, por exemplo, no dia 11 participava de um encontro sobre design e sustentabilidade no Complexo Empresarial WTC, na região da Berrini em São Paulo.
Acertei no lugar, acertei na hora certa, errei de cidade. Ainda bem!
Estive em Nova York algumas vezes e em duas delas subi ao WTC para apreciar a vista de Manhattan. Na última em 2006, cinco anos após o atentado, já não pude compartilhar, com minha filha Mayra, a visão da ilha com o Empire State logo ali, pouco abaixo das torres gêmeas, mas altivo com sempre.
Uma pena para nós, uma perda para o mundo e um pesadelo para os Newyorkers.
Nas voltas que minha cabeça dá, neste setembro me lembrei de Saul Bass, um novaiorquino do Bronx, o qual, mesmo quem não sabe que conhece, conhece.
Esse artista gráfico deu cara, para os filmes de suspense do britânico Alfred Hitchcock em meados dos anos 1950. Ele criou fontes (as letras), cartazes e animações também para as aberturas de filmes de diretores como Robert Altman e Martin Scorsese entre outros…
O cartaz acima do filme Vertigo – Um corpo que cai – é de uma força e de uma simplicidade cativantes. As letras desenhadas à mão por Saul Bass em seus trabalhos acabaram se transformando em fontes industriais em homenagem a ele.
Criatividade
A criatividade e o talento genuíno são sempre inspiradores.
No outono passado, estávamos passeando pelas praias uruguaias e a visão do Farol de Santa Maria no balneário de La Paloma me chamou a atenção.
Era um cenário lindo, mas tinha uma atmosfera de solidão e suspense que me fez na hora, lembrar de Hitchcock. Quando já na base do farol apontei minha câmera para o alto e cliquei as escadarias que serpenteavam torre acima, o cartaz de Saul Bass para Um corpo que cai me tomou de assalto.
De volta ao trabalho essa foto foi para o fundo de tela de meu laptop e logo depois, com a boa vontade de meu amigo Fernando, também Diretor de Arte, ela virou um pôster em homenagem a Saul Bass, o grande artista gráfico que transformou, com seu talento, suspense e pesadelo em pura arte.
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa