Entro numa casa de artigos de pesca.
Chama-me a atenção os rolos de fio transparentes, super resistentes e ao mesmo tempo maleáveis usados nesse esporte junto a varas e molinetes. Não sei que caminhos fazem as sinapses dentro de minha cabeça e que me levam a olhar uma coisa e enxergar outra.
Pois olhando para aqueles fios imaginei um tecido sendo construído com ele. Fui juntando um a um os fios em minhas mãos e o brilho da luz incidindo sobre eles me deixou encantado. Mas não sou tecelão. Pena!
Chego em casa e antes de mesmo de beijar minha mulher reparo no abajur ao lado dela: Beijo, abajur, beijo, abajur, beijo, abajur…beijo!
Abajur!
Não vejo mais a cúpula antiga e sim aqueles fios brilhantes iluminados pela lâmpada. Volto à loja e compro uma bobina da linha de pesca. Mando reforçar a estrutura de metal da antiga cúpula e começo a envolver a estrutura com os fios, subindo e descendo na vertical até completar a volta toda. Ufa!
Meu olhar se volta ao porta retrato sobre a mesinha lateral. Vapt-vupt e a foto salta do porta retrato para a cúpula. Outras saem da caixa de fotos e se juntam a elas. Pronto! Aí está uma luminária nova. Ou um porta retrato novo? Não importa. Há algo de novo na sala.
Beijo!
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa