Cantada em todos os ritmos por nove entre dez poetas do cancioneiro popular, a porta de entrada é o partido alto de nossa casa. Samba, bolero, bossa nova, funk…
Os chineses cuidam muito delas: não podem ser muito grandes, nem muito estreitas, devem ter cores auspiciosas e maçanetas firmes e reluzentes. Portas finamente tratadas no Feng Shui podem convidar as boas energias para dançar no meio da sala ou barrar desse baile as energias ruins.
Morando nessa filosofia ou não, gosto de dar a devida importância à parede de entrada nos projetos que faço. E como faço muito apartamento pequeno, encontro sempre corredores com portas iguais que não podem ser trocadas.
Mas nem por isso a porta precisa ser, pelo lado de dentro, apenas um retângulo recortado na alvenaria, com a única função de abre alas.
Ela merece ganhar um tom de vermelho, quase vinho, que harmonize com um papel de parede listrado e a faça pertencer ao ambiente da sala de jantar. Ela merece receber um revestimento de madeira que suba pela parede acima dela e a deixe à altura de uma parede revestida de pedra mineira junto à cozinha integrada.
A porta merece muito mais do que um simples tapete por trás dela.
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa