Ele vivia feliz em seu apartamento tendo a Olga como companheira (na imagem menor, os dois se dirigem à cozinha). Mas, de repente, Olga percebe que o dono de sua vida estava diferente. A paz costumeira era agora interrompida por um entra-e-sai de pessoas esquisitas, que a deixava atordoada: onde foi parar aquela porta? E esses cheiros?…
Não foi difícil perceber que uma nova paixão sacudia a vida de seu companheiro e abalava as estruturas de seu lar. Ele se apaixonou por Lili e para trazê-la para morar com eles, precisava dar um jeito em sua casa, afinal tudo estava meio bagunçado e só agora ele via isso. Não só o pequeno caos o incomodava. O espaço estava com uma anemia que não combinava com a paixão que sentia. Queria a casa mais viva, organizada e aconchegante para namorar, ver TV, viver a dois.
Desculpe, Olga, a três.
O que mudou?
Olga tinha razão, a porta da cozinha mudara mesmo de lugar e fora colocada ao lado da porta de entrada. Dois batentes que sobem até o teto agora fazem uma máscara que tinge de vermelho portas e paredes. Para complementar o hall de entrada, que também é sala de jantar, foi aplicado um papel de parede com listras no mesmo tom. Sobre ele, o espelho de cantos arredondados como os cantos do novo tampo de vidro da mesa. A base da mesa é a mesma, mas as cadeiras, já meio bambas e detonadas por Olga, ainda bebê, foram trocadas por outras de brechó que receberam pintura metalizada.
Com a pequena mudança, todos ganharam: ele, finalmente, tem uma sala gostosa para receber com paixão a sua Lili. E Olga, passada a raiva do arquiteto que levou uma mordiscada no início da obra, tem agora um delicioso sofá para se esparramar e receber o carinho dos donos.
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa