Como sempre no mês de março, reservo uma tarde para passear pela Expo Revestir, evento que reúne os maiores fabricantes de acabamentos para a construção civil.
Atravessar os pavilhões, ver as novidades, conversar com os expositores, encontrar amigos jornalistas, arquitetos, designers… É pura diversão.
Demoro horas nessa travessia. Cada novidade encontrada pelos stands abre uma gama enorme de possibilidades e mergulho nessa viagem lá mesmo.
Enquanto meus olhos observam os detalhes, minha mente se solta e começa a alucinar, a inventar coisas que poderiam existir por trás do que enxergo.
Coisa de louco
E na edição deste ano gostei de ver que não estou sozinho nessas alucinações.
Num estande de louças e metais a cuba em forma de pedestal toma ares de balde de gelo para champagne. Mais à frente um fabricante de pastilhas joga luz por trás de suas peças que ganham status de luminárias. É tudo cenografia, mas em minha cabeça, tudo super viável, super possível.
Marcel Duchamp há quase 100 anos transformou corajosamente um mictório em fonte, sentou uma roda num banquinho e pintou bigodes na Monalisa.
Daria tudo para percorrer a Revestir com ele e beber de sua irreverência.
Sou apenas Décio DoCampo (Belo) mas também dou minhas cacetadas.
Quem visitar meu site verá que há anos atrás fiz uma saboneteira para cuba de apoio no lavabo do apartamento de uma amiga minha.
Cortei o bambu na largura da cuba, amarrei com barbante preto, impermeabilizei com seladora e voilá o apoio para sabonete estava pronto.
Na feira deste ano, um dos lançamentos é um acessório para manter o sabonete seco. Ele é feito em madeira e encaixado no desenho da própria cuba.
Confesso que fiquei orgulhoso de ver essa peça de design oferecer uma solução em material nobre semelhante à que ofereci, usando uma vara de pesca de bambu.
Décio Navarro, designer de interiores e colunista Arquitecasa