A madeira dura tem sido utilizada desde o início dos tempos para criar casas e uma grande diversidade de artefatos. A evolução da humanidade está profundamente ligada à invenção de técnicas e tradições para dominar o uso das matérias-primas. E na raiz de nossa existência está o fogo. O Shou-Sugi-Ban, então, é uma técnica tradicional de queima de madeira nobre para torná-la resistente ao tempo e ao clima.
Sabemos que quando a madeira encontra o fogo, geralmente, a história não termina tão bem. A exceção se dá quando esse encontro é utilizado com técnica para o benefício do design, da arte e da arquitetura. Esta é uma história de lenha encontrando fogo com final feliz.
A origem do Shou-Sugi-Ban, também conhecido como “Yakisugi”, é estimada entre os anos de 1603 e 1867, durante o período Edo. Por volta da década de 1750, o grande aumento da população japonesa tornou a cidade de Edo, provavelmente, a mais populosa do mundo à época. A maioria das casas tradicionais “machiya” foi construída em madeira e precisava ser resistente ao fogo e à água. Assim, uma técnica específica foi desenvolvida: o Shou-Sugi-Ban. Tradicionalmente, três tábuas de madeira de cedro são amarradas em uma chaminé triangular e então carbonizadas por altas chamas.
Quer saber um pouco mais sobre técnica do Shou-Sugi-Bana na prática? Veja no vídeo abaixo (em inglês).
Atualmente, são utilizadas várias essências de madeira. O Shou-Sugi-Ban está de volta aos projetos modernos por sua força, mas também por sua estética.
Arquitetos japoneses como Yoshi-fumi Nakamura ou Terunobu Fujimori são agora internacionalmente conhecidos por usar madeira carbonizada, combinando tradições antigas e arquitetura moderna. A gama de cores vai do preto mais profundo ao mais claro que revela as linhas da madeira.
Aqui no Brasil, a técnica do Shou-Sugi-Ban esta presente nos produtos desenvolvidos pela Oscar Ono, empresa holandesa que cria produtos incríveis inspirada por essa história. Seus artesãos adaptaram a técnica japonesa da madeira carbonizada à série “Forêt” e “Opus”. Com o piso de madeira preta queimada, a Oscar Ono ampliou sua oferta de produtos e ofereceu aos arquitetos a possibilidade de utilizarem novos materiais com texturas e efeitos de luz distintos.